HISTÓRIA DA BIOLOGIA SINTÉTICA – TEMPOS MODERNOS

Como você deve ter visto no nosso post anterior, “História da Biologia Sintética – O início”, a biologia sintética vem percorrendo um longo caminho promissor e está cada vez mais presente na realidade das pessoas. Muitas vezes o tema é abordado como se fosse algo muito distante da nossa realidade mas na verdade está mais presente no nosso cotidiano do que imaginamos.

Em 2009, quando ocorreu a pandemia de influenza H1N1, cientistas do grupo Novartis em colaboração com o  instituto J. Craig Venter utilizaram de algumas técnicas da biologia sintética para desenvolver uma vacina a partir dados da sequência genética de um novo vírus, em questão de dias. Então, ao invés de usar o vírus morto ou enfraquecido como nas vacinas tradicionais, eles desenvolveram segmentos de RNA que fossem capazes de fazer o corpo produzir proteínas semelhantes às do alvo e, dessa forma, preparar o sistema imunológico caso houvesse uma infecção.

A partir desse ponto, diversas pesquisas começaram a ser feitas seguindo o mesmo raciocínio. Devido a isso, em 2016 o uso da biologia sintéticas no desenvolvimento rápido de vacinas se tornou um dos principais focos da Coalizão para Inovações em Preparação para Epidemias, que é uma fundação global voltada para o financiamento de projetos de pesquisas independentes que possuam o objetivo de desenvolver vacinas em casos de epidemias causadas por vírus emergentes. Além disso, o mesmo vem acontecendo nessa atual pandemia pelo qual estamos passando, em que mais de uma dúzia de vacinas baseadas em genes sintéticos foram desenvolvidas para combater o COVID-19.

Outros desafios enfrentados no século 21 em que podemos encontrar aplicações dessa ferramenta são os problemas ambientais e de energia. Esses dois campos levaram ao desenvolvimento de métodos biológicos aprimorados para produzir energia a partir de fontes renováveis. Dessa forma, a biologia sintética oferece ferramentas adicionais para projetar organismos capazes de aumentar os títulos e a produtividade de bio-butanol.

A revista nature, na sua seção nature communications publicou em 2020 um artigo chamado “Synthetic biology 2020–2030: six commercially-available products that are changing our world” em que ela traz seis produtos feitos através do uso da biologia sintética e que estão mudando o mundo. Entre eles podemos encontrar alimentos, como os “hambúrgueres que sangram” desenvolvidos pela Impossible Foods, que são hambúrgueres vegetarianos que possuem o gosto muito semelhante a um tradicional, feito com carne. O objetivo da empresa é desenvolver substitutos à base de plantas para produtos à base de carne. 

O Hyaline, um filme fino para eletrônicos da Zymergen é outro exemplo de produto que o artigo traz. Esse filme hialino é flexível e mecanicamente robusto, o que o torna adequado para eletrônicos flexíveis como os smartphones dobráveis que estão sendo desenvolvidos. Isso mostra que a biologia sintética pode ser aplicada nos mais diversos campos das ciências. Mas ainda tem muitas outras questões envolvendo esse tema e uma delas será tratada no nosso próximo post, em que será abordada um pouco da biologia sintética no contexto econômico.

Referências

nature portifolio. Synthetic biology speeds vaccine development. Disponível em: https://www.nature.com/articles/d42859-020-00025-4. Acesso em: 1 de abril de 2021.

RAO, Ashok; SATHIAVELU, A.; MYTHILI, S. Genetic Engineering In BioButanol Production And Tolerance. BRAZILIAN ARCHIVES OF BIOLOGY AND TECHNOLOGY, Vol.59: e16150612, January-December 2016.

VOIGT, Christopher A.; Synthetic biology 2020–2030: six commercially-available products that are changing our world. Nat Commun 11, 6379 (2020). https://doi.org/10.1038/s41467-020-20122-2

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