ADALIMUMABE, RITUXIMABE, AFINAL O QUE É MABE?

O palivizumabe é medicamento para a prevenção da doença causada pelo vírus sincicial respiratório, e explicamos de forma resumida como ocorre sua produção. Ele também faz parte do grupo de medicamentos que vamos abordar neste texto, no qual será destrinchado o processo de produção dos mabes.

Mas afinal, de onde vem o sufixo “mabe”? Ele faz menção ao termo da língua inglesa “monoclonal antibody”, que pode ser traduzido como anticorpo monoclonal.

Os anticorpos são glicoproteínas que fazem parte do nosso sistema imune. Quando há contato de um agente estranho, ou antígeno, com o nosso organismo, um grupo de células chamadas linfócitos B são ativadas e passam a secretar anticorpos, que vão se ligar a este agente para tentar neutralizá-lo ou marcá-lo para eliminação. Como estes antígenos apresentam, geralmente, diversos epítopos, ou determinantes antigênicos, em sua estrutura, cada clone de linfócito B irá produzir um anticorpo diferente específico para cada um destes epítopos. Desta forma, são gerados os anticorpos policlonais.

Por muito tempo os anticorpos policlonais, isolados em amostras de sangue de doadores (humanos ou outros mamíferos), foram utilizados em terapias. Contudo, a sua aplicação era limitada devido ao nível de pureza destes anticorpos, à possibilidade de reações cruzadas com moléculas próprias do nosso organismo e à necessidade de criar animais para tal fim. Para garantir maior eficácia e segurança, as tecnologias do hibridoma e do DNA recombinante passaram a ser utilizadas para a produção de anticorpos monoclonais, gerados por um único clone de linfócito B e capazes de se ligar especificamente a uma molécula.

As células de hibridoma são obtidas por fusão de linfócitos B- isolados a partir do baço de um camundongo imunizado com o antígeno de interesse – com células de mieloma (células cancerígenas medulares capazes de se multiplicar continuamente), permitindo a geração de híbridos capazes de sobreviver em cultura, replicar mais rapidamente e produzir uma abundância de anticorpos. A cultura obtida inicialmente será de células produtoras de anticorpos policlonais, visto que cada clone de linfócitos B produz anticorpos específicos para um dos epítopos. Portanto, deve ser feita a seleção e propagação do clone produtor do anticorpo de interesse, para obter assim os anticorpos monoclonais.

Contudo, os anticorpos obtidos serão murinos, ou seja, provenientes de camundongo. Para tornar estes anticorpos mais próximos daqueles encontrados em humanos pode ser feita a análise do gene codificante desta glicoproteína e a identificação das porções do gene que codificam para a região variável e para a região determinadora de complementaridade (CDS). Em seguida, é feita a combinação de uma destas porções com a sequência codificante de anticorpos humanos, sendo o material genético produzido inserido em células capazes de sintetizar estas glicoproteínas.

Se a porção do gene do camundongo utilizada for a que codifica para a região variável, ela será combinada com a sequência de humanos que codifica para a região constante do anticorpo, havendo produção de anticorpos quiméricos. Já em casos de uso da porção do gene do camundongo que codifica para a CDS, esta é combinada com as sequências de humanos que codificam para as regiões constante e variável, sendo gerados anticorpos humanizados.

Ademais, pode ser feita a inserção completa do gene que codifica para anticorpos humano em animais, sendo gerados espécimes transgênicos capazes de produzir anticorpos humanos.

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