Você conhece a E. coli?

Quem sou eu? Meu nome é Escherichia coli e meu apelido é E. coli. Sou uma bactéria e vivo no intestino de diversos animais, inclusive no do ser humano, onde impeço o crescimento de bactérias patogênicas. Na verdade, apesar de grande parte dos membros da minha espécie serem bem inofensivos e até benéficos, há alguns que são bem perigosos e podem provocar distúrbios no trato gastrointestinal e em diversos outros órgãos, como os rins.

E quando a minha presença foi notada? Há mais de 130 anos, quando um médico alemão chamado Theodor Escherich me encontrou nas amostras de fezes de indivíduos saudáveis. Nesta situação recebi meu primeiro nome Bacterium coli commune.

Com o passar dos anos, diversos membros diferentes da minha espécie foram sendo isolados e estudados. Entre eles dois merecem mais destaque, K-12 e B, pois nos últimos anos têm desempenhado o papel de principal modelo utilizados na biologia sintética, empregados por cientistas que trabalham com expressão de proteínas recombinantes.

Em 1922, na universidade de Stanford, a linhagem K-12 foi isolada, sendo posteriormente utilizada por Charles E. Clifton para estudar o metabolismo de nitrogênio e por Edward Tatum em experimentos envolvendo a síntese de triptofano. Ao longo dos anos esta linhagem passou por diversas modificações até serem obtidas a DH1 e a DH5α, muito utilizadas para clonagem, ou seja, para amplificação de material genético.

Já a linhagem B, que originalmente foi chamada de Bacillus coli, foi utilizada por Félix d’Herelle em 1918 e por Delbrück e Luria em 1942 para estudos envolvendo bacteriófagos. Esta linhagem passou por diversos institutos e deu origem a diversos outros tipos de E. coli, como a famosa BL21, muito utilizada para produção de proteínas por apresentarem alta capacidade de expressão do material genético.

Conforme a complexidade das proteínas que queriam expressar em E. coli aumentou, diversas variantes foram sendo criadas. Exemplos incluem a Origami, muito utilizada quando há pontes dissulfeto entre os resíduos de cisteína na proteína, a Rosetta que apresenta uma capacidade aumentada de expressar proteínas de eucariotos e a C43(DE3) que é capaz de suportar a expressão de toxinas.

Espero que com esta pequena exposição eu tenha convencido todos vocês da minha versatilidade. Espero que se interessem por trabalhar comigo, não posso prometer que será fácil, talvez você terá que conhecer diversas linhagens antes de alcançar sucesso em seu projeto, mas há diversos protocolos disponíveis e eles podem ser de grande ajuda na hora de delinear seus experimentos. Te vejo na bancada!

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