Autor(a): Sophia Dauare Silva Pereira
A insulina é um hormônio peptídeo produzido pelas células β (beta) no pâncreas. Ela é responsável pela regulação da taxa de glicose no sangue, permitindo seu armazenamento intracelular. Quando a ação desse hormônio é disfuncional – seja por insuficiência da insulina ou perda de sensibilidade pela mesma – o paciente apresenta um quadro conhecido por Diabetes Mellitus (DM). Aposto que você conhece alguém com diabetes, né?
Curiosidade: Mellitus, significa literalmente urina de mel.
Atualmente classificamos a DM em dois tipos. O tipo 1, sendo de origem genética, é marcada principalmente por um mecanismo de autoimunidade, que leva à destruição das células produtoras de insulina. Já o tipo 2, é caracterizado pela resistência à insulina resultante. Curiosamente, embora ambas tenham caráter multifatorial, a DM tipo 2 apresenta maior relação com predisposição genética do que a tipo 1.
A insulina foi uma das primeiras moléculas produzidas pela indústria da biotecnologia. Inclusive o feito rendeu um prêmio Nobel em 1923 para Banting e MacLeod, que isolaram a insulina do cão e perceberam que a molécula poderia ser utilizada para tratamento de várias crianças com a Diabetes Mellitus tipo 1.
Nesse mesmo ano, algumas companhias farmacêuticas começaram a fornecer insulina extraída do pâncreas de suínos com esse mesmo fim.. Entretanto, este modelo de produção da insulina, além de insustentável pela demanda de animais, resultava em reações alérgicas nos indivíduos.
No entanto, foi só em 1980, com a técnica de clonagem de DNA, que foi possível a implementação da produção de larga escala para a insulina humana. Mas no que consiste essa técnica?
A técnica consiste em utilizar um vetor – neste caso, um plasmídeo1 – com o gene humano que codifica a insulina. Assim, o hormônio humano passou a ser produzido por bactérias em cultura, o que escalonou a produção e resolveu a questão das reações alérgicas.
Recentemente, o J. Craig Venter Institute, possui uma linha de pesquisa para desenvolver um novo tratamento para DM tipo 1. Utilizando biologia sintética, os pesquisadores buscam engenheirar bactérias presentes na pele do paciente para que passem a sentir a presença elevada de glicose no sangue e, em resposta, secretar insulina, será que isso vai ser possível?
1 Plasmídeo: molécula de DNA circular de bactérias.
Revisão: Bianca Oliveira
Referências:
Bioquímica – Stryer – 7ª Edição
The Nobel Prize in Physiology or Medicine 1923. Disponível em: https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1923/summary/
The Discovery of Insulin: The Discovery of Insulin: An Important Milestone in the History of Medicine Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6205949/
No More Needles! Using Microbiome and Synthetic Biology Advances to Better Treat Type 1 Diabetes. Disponível em: https://www.jcvi.org/blog/no-more-needles-using-microbiome-and-synthetic-biology-advances-better-treat-type-1-diabetes