DNA RECOMBINANTE E A TERAPÊUTICA

Autor(a): Júlia Teixeira Rodrigues.

Palavras como células, material genético, vetor e transcrição, que são pouco cotidianas, estão por trás da produção de artigos essenciais para a prevenção e o tratamento de diversas doenças. Isso porque estas palavras fazem parte do dia a dia da aplicação de uma técnica que revolucionou a ciência: a Tecnologia do DNA Recombinante.

Nesta técnica, a sequência de DNA que codifica para uma proteína é inserida em um vetor (geralmente um plasmídeo1) e este sistema é inserido em uma célula. Essa sequência inserida passará pelo processo de transcrição do DNA e tradução em proteína, possibilitando a produção de uma proteína recombinante.

A visão sobre a capacidade de novos processos na biotecnologia foi grandemente expandida pela tecnologia do DNA recombinante. Sua aplicação trouxe benefícios não apenas para indivíduos portadores de algumas das enfermidades mais prevalentes atualmente, mas para toda a população.

A vacina contra o papiloma vírus humano (HPV) e a vacina da hepatite B são exemplos de produtos desta técnica. Nestes casos, são produzidas as proteínas que fazem parte da estrutura do vírus e são detectadas pelo nosso sistema imune. Desta forma, ao sermos vacinados, estamos nos preparando para uma possível futura infecção, durante a qual os organismos invasores serão rapidamente detectados e eliminados pelo sistema imune.

Além disso, o fator de coagulação VIII, utilizado por pessoas com hemofilia, além da insulina, utilizada principalmente por portadores de diabetes mellitus tipo 1, também são produzidas por meio da tecnologia do DNA recombinante. Como nestes casos o objetivo é a reposição de proteínas que, geralmente, são produzidas pelo próprio organismo humano, são utilizadas sequências do próprio DNA humano que codificam para estas proteínas.

Outro exemplo não muito conhecido, mas não menos importante, é o Palivizumabe. Este medicamento é um anticorpo monoclonal utilizado na prevenção da doença provocada pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que pode levar a severos danos pulmonares em prematuros. O Palivizumabe é indicado para crianças prematuras, crianças portadoras de displasia broncopulmonar e pessoas com cardiopatia congênita menores de dois anos.

A produção de um anticorpo monoclonal é um pouco mais complexa do que apenas a transferência de uma sequência de DNA para outro organismo, mas esse processo fica para um outro texto!

Um último  exemplo a ser citado são os medicamentos conhecidos como Modificadores do Curso da Doença, utilizados para o tratamento de doenças crônicas como psoríase, artrite reumatoide, lúpus, entre outras. 

Expondo apenas algumas poucas aplicações na área da saúde, já é possível perceber o porquê desta técnica ser considerada revolucionária. Há pesquisadores no mundo inteiro utilizando os princípios da tecnologia do DNA recombinante para desenvolver novos medicamentos e vacinas que prometem tratar ou prevenir doenças, além de provocar o alívio de sintomas. Desta forma, nestes próximos anos, presenciamos o surgimento de inúmeros produtos que causarão um impacto muito positivo na vida de muitas pessoas.

1 Plasmídeo: molécula de DNA circular extracromossomal que pode apresentar informações genéticas relacionadas a funções adaptativas, como resistência a antibióticos.

Revisão: Mayra Mota

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