ROSALIND FRANKLIN E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A DESCOBERTA DA ESTRUTURA DO DNA

Resumo

O texto fala sobre Rosalind Elsie Franklin, uma cientista cuja contribuição foi crucial para a descoberta da estrutura do DNA, mas que historicamente foi ignorada e subestimada. O texto descreve a trajetória acadêmica e científica de Rosalind, que enfrentou barreiras por ser mulher em um ambiente hostil à presença feminina na academia. O texto destaca que Rosalind foi fundamental para a descoberta da estrutura do DNA, mas que seu trabalho foi ignorado e que, posteriormente, seus colegas de trabalho conspiraram para retirar seu nome do reconhecimento pela descoberta. A história de Rosalind serve como um alerta para a luta por equidade de gênero e justiça na sociedade.

Em celebração a todas as mulheres, durante o mês da mulher, o post de hoje vem como uma pequena contribuição de reparação a uma cientista cujo trabalho, decisivo para a descoberta da estrutura do DNA, foi historicamente ignorado. Apenas recentemente a importância da sua contribuição para a Ciência tem sido revelada sistematicamente como forma de fazer justiça.

Nascida em Londres em 1920, Rosalind Elsie Franklin se destacou desde muito pequena nas aulas de ciências, motivo pelo qual mais tarde iria decidir tornar-se cientista, carreira quase exclusivamente reservada aos homens. Contrariando a vontade de seus pais, que queriam que ela estudasse serviços sociais, Rosalind ingressa na graduação de físico-química em 1939 na Newhan College, instituição ligada à Universidade de Cambridge. Importante salientar que sua educação básica foi contemplada em uma escola exclusiva para garotas, sendo estas muito poucas naquela época. Rosalind Gradua-se no ano de 1941, iniciando posteriormente seus estudos sobre estruturas cristalinas de materiais carbonizados por meio de técnicas de raios-x.

A experiência adquirida em sua linha de pesquisa, tornadas fundamentais para a compreensão da estrutura microscópica do grafite, serviram de base para seu doutorado de físico-química em 1945. Após sua pós-graduação seus trabalhos com difração de raios-x seriam decisivos para a determinação da estrutura do DNA, rendendo, mais tarde o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina para os bioquímicos James Dewey Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins, chefe do laboratório em que a cientista trabalhava. Ignorando completamente o mérito de Rosalind, a responsável por conduzir o experimento que permitiu observar a estrutura da biomolécula.

Nos anos 50, época em que os estudos para tentar determinar a estrutura do DNA estavam sendo implementadas, as mulheres eram extremamente subestimadas na academia, tendo muitos estabelecimentos do campus restritos apenas a entrada de homens. Essa segregação exemplifica o ambiente hostil no qual Rosalind desenvolvia suas pesquisas assim como os demais percalços oriundos da opressão estrutural às mulheres que ousavam percorrer a carreira científica. Tal conjuntura foi, aliás, um dos principais proponentes que desencadeou o seu não reconhecimento como uma das cientistas responsáveis pela descoberta.

Nos bastidores, Rosalind e Wilkins, seu chefe, entraram em atrito para reivindicar o mérito da descoberta em função dos experimentos desenvolvidos no estudo. Junto a Watson e Crick, Wilkins conspirou para que a presença de Rosalind em seu laboratório fosse extirpada, inclusive se referindo a Franklin como uma “bruxa” nas cartas descobertas em 2010.

Rosalind Franklin morreu em 1958, sem o devido reconhecimento que merecera. Apenas na década de 60 que a cientista passou a ser reconhecida como autora das imagens fundamentais para elucidação da estrutura do DNA. Entretanto a comissão do prêmio Nobel não concede a premiação póstuma, uma injustiça irreparável cometida contra a cientista. Apesar do reconhecimento tardio sobre a sua autoria das imagens, foi apenas no ano 2000 que seu estudo viria a ser reconhecido como peça fundamental, por meio de uma declaração de Watson.

A história de Rosalind Franklin, revelada graças a sorte de confluências dos fatos, vem auxiliando para que sua contribuição científica não seja esquecida. Infelizmente, dado o contexto de época que as mulheres enfrentavam para terem uma carreira científica, é certo que muitas outras cientistas tenham sido vítimas de roubo de autoria e méritos sem, no entanto, terem tido a mesma sorte de Franklin no, até então, bem sucedido processo pela busca de reconhecimento e reparação tardia.

Ainda hoje as mulheres percorrem um grande desafio de desconstruir as barreiras e demarcações estruturais de gênero em suas carreiras. Seja pela diferença salarial, os encargos profissionais e domésticos, a maternidade ou a validação de sua competência no exercício de seu trabalho. A história de Rosalind Franklin serve como um alerta para que todos, independentemente do gênero, lutemos por equidade como melhor forma pela busca e garantia de justiça, pois em uma sociedade mais justa todos saem ganhando. Um grande salve as mulheres.

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